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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Balada do amor através da idades

Eu te gosto, você me gosta
desde tempos imemoriais
Eu era grego, você troiana,
troiana, mas não Helena.
Saí do cavalo de pau
para matar seu irmão.
Matei, brigamos, morremos.

Virei soldado romano,
perseguidor de cristãos.
Na porta da catacumba
encontrei-te novamente.
Mas quando vi você nua
caída na areia do circo
e o leão vinha vindo,
dei um pulo desesperado
e o leão comeu nós dois.

Depois fui pirata mouro,
flagelo da Tripolitânia.
Toquei fogo na fragata
onde você se escondia
da fúria de meu bergantim.
Mas quando ia te pegar
e te fazer minha escrava,
você fez o sinal-da-cruz
e rasgou o peito a punhal...
Me suicidei também.

Depois (tempos mais amenos)
fui cortesão de Versailles
espirituoso e devasso.
Você cismou de ser freira...
Pulei muro de convento
mas complicações políticas
nos levaram à guilhotina.

Hoje sou moço moderno,
remo, pulo, danço, boxo,
tenho dinheiro no banco.
Você é uma loura notável,
boxa, dança, pula, rema.
Seu pai é que não faz gosto.
Mas depois de mil peripécias,
eu, herói da Paramount,
te abraço, beijo e casamos.

(DRUMMOND DE ANDRADE, Carlos. Obra Completa. RJ: José Aguilar, 1972)

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A hora e a vez da Crise de Avestruz

Assim como a Coca-Cola® já foi declarada “pura e saudável” e o cigarro – além de chic – era tido como um grande “relaxador de laringe” (como aqueles que assistiram “O Discurso do Rei” puderam constatar), existem três letrinhas que por muito tempo foram sinônimo de “frescura feminina”: TPM.

Confessadamente, eu sou uma das pessoas que apoiou essa causa. “Coisa de quem não tem o que fazer” – dizia... até que em um lindo dia de verão... o tempo fechou.

Não, não, o sol ainda estava brilhando e tudo mais, mas aqui dentro de mim (como uma força que vem de dentro – como diria uma amiga), estava mais nublado do que “A foggy day in London town”.  Era a treva da TPM botando suas garras em cima de mim.

Para aqueles (as) que não crêem, acreditem, ela é mais real que o preço da gasolina, o aumento da passagem de ônibus e a eleição do Tiririca JUNTOS! A TPM, companheiros e companheiras, tem me acompanhado durante essa semana a todos os lugares, e a única coisa que eu posso dizer é: “Não a subestimem!”

Eu virei praticamente uma estranha a mim mesma, vou do riso ao choro em questão de segundos. Ontem, bastou minha mãe perguntar: “E aí, arrumou uma faxineira?” – pronto -  [Óh, mundo cruel.... sofri]. E não falem comigo quando eu estiver com cara de enterro, é involuntário, mas eu posso soltar frases desnecessárias como “O tédio também cansa!” E nada de “calma”, de ter paciência e muito menos de esperar – fora os cinco minutos de “eu quero minha casa, minha cama” – é a hora que eu chamo de “Crise de Avestruz”, vontade de cavar um buraco no chão, enfiar a cabeça e o resto que se exploda.

É ridículo, é assustador, mas é, acima de tudo, injusto, porque eu sei que embora isso passe, as cólicas ainda nem começaram. Por que, dear God, por que não podemos escolher: Cólica ou TPM, o que você vai querer esse mês? Aí até daria pra fazer um rodízio, só pra variar de vez em quando! Mas não, ser mulher vem com a etiqueta “tudo incluso” e você que arque com as consequências...

É, acho que desabafei, agora... pausa para o Pasalix.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Vende-se um nariz


Vende-se um nariz: boa aparência e ótimo estado de conservação; acostumado a carregar óculos sem se queixar. Principais funções - Sensor de poeira: espirra continuamente na presença de elementos poluidores do ar e entope imediatamente para evitar que tais elementos penetrem no corpo humano. Em caso de poluição mais intensa, ele conta ainda com um sensor que faz com que os olhos lacrimejem e intensifica a quantidade de espirros para manter seu corpo sempre limpo e longe de agentes poluidores! Preço imperdível (quase de graça!), mas corra porque é por tempo limitado!!! (bônus especial: rinite alérgica)